11/09/2018 – ESTUDANTES, PROFESSORES/AS DA EEBA VISITAM A RAC SANEAMENTO, NA IÇARA, QUE É RESPONSÁVEL PELA COLETA E A DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E REJEITOS DE 26 MUNICÍPIOS.

Aos 11 dias do mês de setembro de 2018, estudantes e professores da EEBA participaram de atividade de campo visitando a empresa RAC que é responsável pela coleta do lixo doméstico e industrial de 26 municípios do sul de Santa Catarina e norte do Rio Grande do Sul. Na chegada, o grupo foi acomodado numa sala, onde receberam informações detalhadas sobre a empresa e tudo o que se refere sobre legislações e políticas públicas de saneamento básico, incluindo a coleta e destinação de resíduos sólidos. Explicou a palestrante (com formação em engenheira sanitarista e ambiental) que a RACLE recebe grande volume de estudantes do ensino fundamental, médio, universitários e pesquisadores todos os anos.

Araranguá, as 35 toneladas/dia de lixo doméstico e industrial são transportadas para o aterro sanitário. Somente o município de Criciúma é recolhido 140 mil toneladas/dia.  Agora, somando os municípios Araranguá e Criciúma, com os demais 24, o volume de lixo recolhido diariamente alcança os 550 mil toneladas.  Todo esse material que totalizará dois milhões de toneladas daqui a um ano está depositado num aterro piramidal de quase 30 metros de altura, abrangendo área de 16 hectares. Um fato curioso no aterro. O mesmo quando foi construído, havia previsão de 20 anos de vida útil, ou seja, os dois milhões de toneladas previstos seriam completados nesse prazo. O que não previram os proprietários do aterro sanitário foi o crescimento abrupto  do volume de lixo produzido pela população.

De 350 mil toneladas estimadas diariamente, subiu para 550 mil, quase a metade. Além da RAC que é responsável pelo rejeito sólido depositado no aterro sanitário, existe a RACLI, que atua no recolhimento de resíduos sólidos, que são transportados para uma associação e uma cooperativa de coletores nos municípios de Içara e Criciúma que são responsáveis pela triagem. A palestrante informou que o município de Criciúma realiza a coleta seletiva em 75% de toda sua extensão. Isso equivale a 110 toneladas por mês. É muito pouco se comparado as 140 toneladas/dia que são enviadas ao aterro sanitário no município de Içara.

Outro agravante observado na coleta seletiva em Criciúma é a precariedade nos procedimentos de limpeza do lixo seletivo. As legislações em vigor no Brasil recomendam que todos os municípios tenham seus planos de saneamento básico, dentre eles o plano de coleta seletiva. Porém, são poucos os que possuem os planos concluídos e em execução. A alegação é a falta de repasse de recursos do governo federal para projetos simples. Comentou a palestrante que a partir de 2003 nenhum município de Santa Catarina era permitido ter lixões. Cada um deveria se responsabilizar pelo lixo produzido.

Por ser caro a construção de aterro, empresas como a RAC, tomou a dianteira e implantou esse sistema no município de Içara, que cobra do poder público, por cada quilo de lixo recolhido. Atualmente existem no Brasil cerca de 40% de lixões, que contaminam todo ecossistema do seu entorno, principalmente os lençóis freáticos. O aterro sanitário administrado pela RAC recebe rejeitos industriais de classe II, ou seja, não perigosos ao ambiente. No estado de Santa Catarina, na região norte estão os aterros que recebem rejeitos industriais classe I, os que causam riscos enormes ao ambiente.

Quanto ao aterro da Içara que recebe quase 600 toneladas de resíduos e rejeitos diariamente, desse total, 40% poderiam ter outro destino, longe dos aterros. O que acontece hoje é que todo o lixo, tanto o resíduo quanto o rejeito, coletado nos 26 municípios são acondicionados no mesmo recipiente e transportado para o aterro. Os 40% desse resíduo sólido, quase 250 mil toneladas, poderiam resultar em emprego para milhares de pessoas e economia de água e outras matérias primas na produção de novos produtos. É preciso mudar o conceito sobre lixo, que o mesmo tem valor econômico. Disse a palestrante, que em uma universidade da região um grupo de pesquisadores na área de Engenharia Ambiental vem desenvolvendo seu TCC voltado a sensibilização acerca do lixo.

Que muitas das respostas ouvidas demonstram total desconhecimento sobre o mesmo. Um dos resíduos mais comuns produzidos no aterro sanitário é o chorume, disse a palestrante. Toda a construção do empreendimento seguiu normas técnicas rígidas. Isso foi um dos fatores que fez a empresa contratar profissionais da cidade de São Paulo, com experiências em projetos mais complexos. A palestrante mostrou para o grupo pedaço de uma lona de poleotileno de alta densidade usada para impermeabilizar o solo. O produto além de resistir enormes impactos pode durar cerca de 300 anos. Esse deve ser um dos fatores que torna o produto tão caro, cerca de 25 reais o metro quadrado.

No aterro existem  dezenas de drenos com tubulações de 60 cm de diâmetro  que transportam o chorume para piscinas de decantação. São 10 m³/h, ou 10 caixas de 1000 litros de chorume que escorre para as piscinas. São 240 caixas de mil litros cada, despejado todo dia na piscina. Todo o produto é tratado, sendo a água despejada num um córrego próximo, que sua vez é lançada no rio dos porcos, afluente do rio Araranguá.  Além do chorume, o aterro produz grande quantidade de gás metano. Hoje em dia se faz muita campanha  contra a emissão de CO2 na atmosfera que é responsável pelo aquecimento global. Poucas são as pessoas que sabem que o gás metano é 21 vezes mais poluente que o CO2.

Para evitar sua emissão na atmosfera, o mesmo é queimado quando é expelido à atmosfera por tubulações verticais. Quando o gás é queimado ele é transformado em água e CO2. Em 2017, um estudante de engenharia ambiental desenvolveu projeto na RAC, com vista a reaproveitar o gás metano, transformando em energia elétrica. Hoje a empresa aproveita o gás liberado pelo aterro, que é convertido em energia elétrica que movimenta os aeradores das piscinas de decantação de chorume. A empresa tem uma economia mensal de 20 mil reais em energia elétrica. Em quatro em quatro meses, técnicos das universidades fazem inspeção ambiental de toda a área do aterro, verificando se o mesmo está em conformidade com as legislações em vigor.

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